O projeto “Desenvolvimento de índices de Stress: Bases para a gestão da Irrigação através da Combinação da Umidade do solo, condições meteorológicas e fenologia de plantas” é coordenado pela engenheira agrônoma e professora Mirta Teresinha Petry do Departamento de Engenharia Rural, do Centro de Ciências Rurais, da UFSM.
A professora Mirta explica que o objetivo do projeto é desenvolver índices de stress em plantas irrigadas e de sequeiro, visando estabelecer bases para a programação da irrigação através da combinação do balanço hídrico do solo, condições meteorológicas e fenologia das plantas para as principais culturas de expressão econômica no Brasil.
Como justificativa do projeto a coordenadora comenta que em áreas irrigadas, os índices de stress são muito utilizados no manejo da irrigação, pois auxiliam no momento da decisão de quando irrigar e quanto de água aplicar como forma de melhorar a produtividade das culturas, através da distribuição da água no solo. Em regiões onde se usa a irrigação suplementar (como no sul do Brasil), irrigações são necessárias devido à distribuição irregular de chuvas; nesse caso, os índices de stress podem ajudar a identificar períodos nos quais a irrigação poderia ser suprimida, sem grandes perdas à produtividade, gerando economia no consumo de energia elétrica ou de diesel. Em regiões semiáridas ou áridas, por outro lado, pequenos períodos de déficits são muitas vezes permitidos, como forma de economizar água intencionalmente, prática que é conhecida como rega deficitária. Nesse caso, as culturas são intencionalmente estressadas em estágios específicos durante o ciclo de desenvolvimento, onde o impacto na produção será menor. Com o advento dos sensores de monitoramento da umidade do solo, o monitoramento contínuo do ambiente solo-planta-atmosfera permitiu um maior controle sobre os índices de stress.
A resposta da planta à irrigação é uma função do estado hídrico da planta, o qual é influenciado pelo conteúdo de água no solo e da habilidade do solo em fornecer água às plantas em resposta a uma demanda evaporativa da atmosfera a qual as plantas estão expostas. Portanto, os critérios usados para programar as irrigações envolvem medições da umidade do solo, das condições atmosféricas ou do status hídrico das plantas. Embora a medição do status hídrico da planta seja o critério mais eficaz para engatilhar as irrigações, seu uso em culturas anuais é limitado devido ao elevado valor dos instrumentos de medida e ausência de limites críticos que definam o momento de irrigar. Assim, a programação da irrigação com base nas medições do conteúdo e ou do potencial de água no solo ou parâmetros meteorológicos é muitas vezes utilizada. A medição do status de água nas plantas talvez seja o melhor indicador do momento de irrigar, porém, seu uso é indicado apenas para culturas perenes e de alto valor comercial, devido ao elevado custo dos equipamentos.
Assim, a combinação do balanço hídrico do solo (a partir da medição contínua ou pontual do conteúdo de água no solo) com os parâmetros meteorológicos é largamente utilizada no manejo da irrigação, pela praticidade e relativo baixo custo. Entretanto, as respostas das plantas à irrigação, isto é, ao momento de irrigar, são influenciadas por uma série de fatores, como a cultura, época de plantio, local, da umidade do solo e ou seu potencial, da habilidade das plantas em extrair água contra a energia de retenção de água do solo, além da demanda evaporativa da atmosfera. Consequentemente, estudos devem ser conduzidos para identificar os fatores que mais impactam as respostas das plantas, como forma de melhorar a gestão da irrigação, a produtividade da água e da cultura.
A professora Mirta enfatiza que a parceria da FATEC junto ao projeto, visa de certa forma, esclarecer para a sociedade, quanto de água é necessário para produzir e que, na falta dessa, as plantas produzem menos, reduzindo assim, o lucro do produtor. O grande objetivo da agricultura irrigada é sempre melhorar a produtividade da água e da terra, que passa por uma melhor gestão do recurso, “água”.
Kelly Martini – MTb 137.25
Assessora de Imprensa