O projeto “ESTRATÉGIAS DE CONSERVAÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA PARA ADAPTAÇÃO DOS SISTEMAS PRODUTIVOS AGRÍCOLAS AOS IMPACTOS DECORRENTES DA MUDANÇA DO CLIMA” coordenado pelo engenheiro agrônomo, professor Dr. Jean Paolo Gomes Minella que pertence ao Grupo Interdisciplinar de Pesquisa em Erosão e Hidrologia de Superfície – GIPEHS que conta com a parceria dos professores Drs. José Miguel Reichert – física do solo e de Danilo Reinheimer dos Santos – química do solo. O estudo tem como objetivo central manter, ampliar e melhorar uma rede de bacias hidrográficas experimentais para o aprimoramento de técnicas para realizar o monitoramento e modelagem hidrológica e erosiva para a proposição de ferramentas capazes de contribuir para a recomendação de práticas de conservação do solo com vistas à redução dos problemas ambientais associados à erosão e ao escoamento superficial. Além disso, o grupo de pesquisa foca na:
- Descrição dos processos de degradação dos recursos hídricos em função da atividade agrícola inadequada;
- Recomendação de práticas de conservação do solo com vistas à redução dos problemas ambientais associado à erosão e ao escoamento superficial;
- Formar pesquisadores em técnicas inovadoras de monitoramento e modelagem ambiental;
- Descrever as relações e a conectividade entre os processos fluviais com os processos erosivos na bacia vertente;
- Estudar os impactos das diferentes escalas espaciais e temporais de monitoramento e modelagem matemática para avaliar o impacto de medidas de conservação do solo para diferentes condições fisiográficas.
O que é Hidrologia – é a ciência que estuda a ocorrência, distribuição e movimentação da água no planeta. A atual definição se amplia para incluir aspectos relacionados à erosão, qualidade da água e produção de alimentos.
O coordenador Jean justifica que o projeto de uma forma geral, contribui para indicar os caminhos para o aumento da produtividade aliado a necessidade de preservação dos recursos naturais (solo e água) pelo aumento da disponibilidade de água no solo e redução do escoamento superficial, do processo erosivo e da transferência de agroquímicos para os rios e mananciais.
O controle do escoamento superficial (enxurradas) passa necessariamente do conhecimento de como os sistemas agrícolas afetam a dinâmica hidrológica de superfície e como o essa alteração hidrológica promove outros processos de degradação como a erosão, as enchentes, a contaminação dos rios, etc afetando além do meio rural também o meio urbano.
A partir daí, com o auxílio de modelos matemáticos, define-se práticas agrícolas mais eficientes para melhorar o manejo da água nos sistemas agrícolas. Outra observação fundamental é que os impactos provocados pelas alterações do clima (chuvas mais intensas e períodos de estiagem) associados a simplificação do manejo dos solos devem ser conhecidas dentro de diferentes condições espaço-temporal, pois os processos operantes são fortemente afetados pela escala espacial de análise, desde a escala de encosta (bacias de ordem zero) até bacias de maior ordem. Por isso, a necessidade de uma rede de bacias experimentais.
O que são Modelos Matemáticos – são programas que reúnem (compilam) um conjunto de equações capazes de descrever os processos hidrológicos e erosivos que ocorrem na natureza. Os trabalhos de pesquisa aprimoram e adaptam esses modelos para as às condições de estudo de cada bacia, segundo suas particularidades de clima, solo, relevo, uso e manejo dos solos. Os modelos matemáticos precisam ser inicialmente testados, parametrizados, calibrados e validados antes de serem utilizáveis. Para que isso ocorra é necessário longas séries de dados medidos e monitorados, os quais são realizados nas bacias hidrográficas experimentais e que variam de acordo com a dinâmica de cada processo.
O estudo do comportamento hidrológico, erosivo e do fluxo de nutrientes precisa necessariamente ser realizado dentro de um enfoque holístico, pois a hidrologia e seus processos associados (a erosão, qualidade da água, etc.) estão intimamente associadas entre si. Nesse contexto, a bacia hidrográfica parece ser a unidade natural de estudo dessas interações, uma vez que essa contempla o ecossistema terrestre e o ecossistema fluvial que representa os dois compartimentos onde ocorrem as alterações hidrológicas, de fluxo de sedimentos, dos solutos e de ciclos geoquímicos.
Segundo o professor Jean o grande desafio representado por esse tipo de estudo, está associado à necessidade de obtenção de longas séries de dados com forte investimento no monitoramento de bacias. Além de equipamento e toda a infraestrutura associada, o mais importante tem sido a formação e valorização dos grupos de pesquisa (alunos de Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado) que se comprometem a manter em funcionamento e com qualidade essa rede de bacias. O uso de modelos matemáticos parece ser a ferramenta indispensável a esse tipo de estudo, entretanto a qualidade e a quantidade de dados monitorados é que determinará o sucesso da pesquisa.
Mesmo que informações hidrológicas e da erosão sejam consideradas importantes para a gestão dos recursos hídricos, existem poucos trabalhos de monitoramento e modelagem no Brasil, especialmente, para as condições de médias e pequenas bacias rurais. O conhecimento da dinâmica espacial desses processos pode ser utilizado como um indicador das condições do uso e do manejo dos solos para suportar os efeitos das mudanças climáticas. No entanto, os recursos financeiros disponíveis para serem aplicados nos programas de conservação de bacias são, na maioria das vezes, limitados. Para superar essa limitação, é necessário demonstrar para a população a importância do monitoramento de bacias experimentais e, assim, promover o desenvolvimento de ferramentas adequadas para a realização de diagnósticos e possibilitar um planejamento preciso das medidas de controle do escoamento, da erosão do solo e de poluição difusa, propiciando a prosperidade dos agricultores e o bem estar da sociedade.
Para o coordenador professor Jean a participação da FATEC no desenvolvimento do projeto é importante, já que permite o apoio financeiro à pesquisa de instituições privadas como a SINDITABACO que apoia financeiramente esse projeto, bem como facilita e ordena os gastos durante a execução do projeto.
Kelly Martini – MTb 137.25
Assessora de Imprensa da FATEC