O projeto “Competência ao enraizamento adventício e clonagem de acácia-negra” é coordenado pelo engenheiro agrônomo, PhD. Dilson A. Bisognin, professor titular do Departamento de Fitotecnia, Centro de Ciências Rurais da UFSM e líder do grupo de pesquisa em Melhoramento e Propagação Vegetativa de Plantas. Este projeto tem como objetivos desenvolver tecnologias de propagação vegetativa por miniestaquia de acácia-negra, estudar o enraizamento adventício de clones selecionados e estabelecer as bases científicas para os programas de melhoramento genético e de produção de mudas de acácia-negra por miniestaquia.
O projeto surge a partir de uma demanda da empresa TANAGRO, com sede na cidade de Montenegro – RS, que decidiu investir na resolução do problema de mudas inadequadas, devido a isso, o projeto busca corrigir o enraizamento inadequado (o sistema radicial da planta) para que a muda clonal de acácia-negra atinja alta qualidade e seja apropriada para estabelecer novos povoamentos.
O professor Dilson justifica o projeto com o fato da acácia-negra (acacia mearnsii), planta oriunda da Austrália, ser a espécie florestal mais utilizada para a extração de tanino, associada a grande importância econômica e social no Brasil. O tanino é uma sustância natural que pode ser encontrado nas diversas partes de uma grande variedade de plantas, sendo, no caso da acácia-negra, extraído da casca. Este tanino é considerado ecologicamente correto, por ser pouco agressivo ao ambiente, pouco tóxico e obtido de forma renovável, sendo considerado o de melhor qualidade em termos de composição e coloração. Cerca de 40% do tanino brasileiro é exportado para muitos países, tendo como principais concorrentes no mercado internacional a África do Sul e a China.
O coordenador Dilson explica que a acácia-negra, além de fornecer matéria-prima (casca para tanino e madeira para celulose, papel e energia), é muito importante para a conservação do solo (combate a erosão, aporte de nitrogênio, estruturação e umidade), para o embelezamento da paisagem e produção de mel (florescimento intenso e de cor amarela) e pelo cultivo ser realizado essencialmente em pequenas áreas, na produção familiar e exclusivamente no Rio Grande do Sul.
Apesar da grande importância e de todo o reconhecimento que a acacicultura representa para os pequenos e médios produtores gaúchos, pouco tem sido feito em melhoramento genético, além da introdução de sementes de matrizes selecionadas, da realização de ensaios de procedências e do estabelecimento de áreas para a produção de sementes e, bem recentemente, a propagação vegetativa.
A propagação vegetativa por estaquia possibilita o resgate de árvores matrizes selecionadas e a obtenção de indivíduos idênticos à planta doadora dos propágulos vegetativos, resultando em plantios com maior uniformidade em relação às características silviculturais e tecnológicas, facilitando assim, os tratos culturais e o manejo da floresta e permitindo maior número de rotações viáveis.
O aperfeiçoamento de técnicas de resgate e propagação vegetativa de plantas selecionadas são necessárias para a produção massal de mudas, o que possibilita disponibilizar essas tecnologias para viveiristas e através disso, produzir mudas com elevada qualidade genética e fisiológica para atender a demanda dos acacicultores e elevar a produtividade e qualidade dos povoamentos.
O sucesso do empreendimento silvicultural depende de adequado sistema de produção e distribuição de mudas, que pode ser realizado somente por empresas altamente qualificadas e focadas no mercado consumidor, o que já estão muito bem estabelecidas na cadeia produtiva da acácia-negra.
Para o coordenador, a FATEC é parceira do projeto desenvolvendo ações muito importantes para viabilizar a adequada utilização dos recursos financeiros e facilitar a inclusão de estagiários e bolsistas no desenvolvimento das atividades propostas. A participação de alunos de graduação e de pós-graduação é fundamental para melhor qualificar os recursos humanos em atividades e demandas diretas do mercado, proporcionando maior visibilidade e reconhecimento para a UFSM.
Kelly Martini – MTb 137.25
Assessora de Imprensa da FATEC